História do empreendedorismo no Brasil

História do empreendedorismo no Brasil

O empreendedorismo no Brasil tem raízes históricas desde o período colonial, crescendo a partir do século XX e expandindo-se com a globalização e a digitalização na virada do século XXI. Saiba mais!

O empreendedorismo no Brasil tem uma história rica e desafiadora, marcada por períodos de grandes transformações econômicas e sociais.

A seguir, você confere um levantamento com dados que reforçam o espírito inovador e resiliente do empreendedor.

Este estudo explora a trajetória do empreendedorismo brasileiro desde a década de 1930 até os dias atuais, destacando desafios enfrentados e soluções práticas para quem deseja transformar sonhos em realidade no dinâmico cenário empresarial brasileiro.

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Antes dos anos 1990

A partir da era Vargas, na década de 1930, o Brasil começou seu processo de industrialização. Na época, empreender não era fácil. O ambiente era regulado e o governo, com forte presença na economia, dificultava a vida dos pequenos empreendedores.

Mesmo na época do Milagre Econômico, de 1969 a 1973, com o crescimento anual do PIB chegando a quase 14%, o empreendedorismo ainda era desafiador para pequenos e médios empreendedores. Grandes empresas e setores estratégicos recebiam mais apoio governamental.

A partir dos anos 1980, o Brasil entrou em crise e mesmo tentativas de estabilização econômica falharam. A instabilidade atrelada à inflação não forneciam terreno fértil a empreendedores do país. Pequenos e médios empresários tinham dificuldade em acessar créditos e lidar com a volatilidade dos preços.

Foi só na década de 1990, com reformas econômicas e estabilização financeira, que os brasileiros começaram a enxergar melhorias capazes de impulsionar o ambiente empreendedor.

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A partir de 1990

Em 1990, o Plano Collor foi adotado com o intuito de estabilizar a economia e controlar a inflação deixada pelos governos anteriores. Embora tenha gerado controversas e insegurança, o planejamento foi um marco em direção a reformas mais profundas.

Na época, a inflação persistiu, mas a abertura do mercado expôs a indústria brasileira à concorrência internacional, passo importante rumo à modernização.

Em paralelo, no mesmo ano, o antigo Cebrae se transformou no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, o Sebrae que conhecemos hoje, um serviço sem fins lucrativos autônomo.

Em 1994, o Brasil adotou a moeda real junto ao Plano Real. No período, o plano acabou com a hiperinflação, responsável por aumentar os preços a quase 2.500% anualmente, como informa o Índice de Preços ao Consumido Amplo (IPCA). Isso trouxe mais previsibilidade econômica para o planejamento de pequenos empreendedores.

Então, de 1995 a 2003, Fernando Henrique Cardoso foi responsável por uma das maiores privatizações da história do país. Isso só foi possível devido à estabilização da economia, fato que melhorou a produtividade econômica brasileira. O resultado do projeto foi a injeção de R$ 80 bilhões nos cofres públicos.

A construção desse cenário fez parte da população encontrar oportunidades para empreender e inovar.

Tanto que, em 1999, o governo criou o Programa Brasil Empreendedor que visava capacitar empreendedores. Mais de um milhão de brasileiros foram atendidos.

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Anos 2000

Os anos subsequentes foram marcados por grandes avanços e oportunidades. Desde os anos 2000, o Brasil integra a Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o principal estudo sobre empreendedorismo em todo o mundo. 

Segundo os dados do levantamento, naquele ano, a taxa de atividade empreendedora no Brasil era de 20,4%. O país, inclusive, ocupava o primeiro lugar do ranking mundial, classificado como o mais empreendedor.

Nos anos subsequentes, a classificação caiu. Em 2001, o Brasil ocupava o quinto lugar, com 14,2% da população adulta (de 18 a 64 anos) iniciando ou administrando uma nova empresa naquele ano.

Em números absolutos, eram 14 a cada 100 brasileiros entrando no mercado empreendedor.

Na época, de acordo com dados levantados pelo Sebrae junto a Fundação Getúlio Vargas, as micro e pequenas empresas geravam 23,2% do PIB nacional, cerca de R$ 144 bilhões.

Com a baixa flutuação no percentual de empreendedores no Brasil (como mostra o relatório GEM), a legislação brasileira começou a se aperfeiçoar em prol dos empreendedores.

Durante os anos 2000, foram desenvolvidos:

  • Lei da Inovação: a lei nº 10.973/2004, foi criada com o objetivo de incentivar a inovação, a pesquisa científica e tecnológica no país. A norma cria um ambiente mais favorável para o empreendedorismo, ao proporcionar condições que facilitam a criação, o desenvolvimento e a sustentação de empresas inovadoras.
  • Simples Nacional: instituído pela Lei Complementar nº 123/2006, o Simples Nacional é um regime de tributação criado para facilitar a vida de microempreendedores individuais (MEIs), microempresas (MEs) e empresas de pequeno porte (EPPs). Em uma única guia de pagamento, ficam inclusos diversos tributos federais, estaduais e municipais, o que facilita a gestão financeira de empreendedores.
  • Lei Geral das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte: criada pela Lei Complementar nº 123/2006, estabelece normas gerais para o setor empreendedor brasileiros. O objetivo é estimular o desenvolvimento econômico e social, reduzir a informalidade, promover a sustentabilidade e a competitividade de pequenos negócios.

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2008 – Crise econômica mundial

A crise imobiliária e a falência dos bancos americanos impactou diversos países em 2008, incluindo o Brasil. Por aqui, passamos por uma desaceleração econômica que reduziu o crescimento do PIB e o acesso a crédito, fatores que impactaram diretamente o financiamento de projetos e investimentos.

Para mitigar os efeitos da crise, o governo implementou uma série de medidas de estímulo econômico para se reinventar – daí, surgiram políticas públicas de apoio ao empreendedor.

Uma delas foi o Programa Empreendedor Individual, instituído pela Lei Complementar nº 128/2008.

Alterando Lei nº 123/2006, a norma visa formalizar empreendedores que mantinham seus negócios na informalidade. Deu tão certo que, na época, o número de empreendedores individuais formalizados ultrapassou a marca de 10 milhões.

Paralelamente, embora ocupasse a 13ª posição no ranking mundial de empreendedorismo da pesquisa GEM, o relatório destacou o Brasil como um país com grande potencial e disposição para experimentar e consumir novos produtos e serviços.

Em 2008, para cada 100 brasileiros, 12 empreendiam.

Além disso, pela primeira vez, jovens entre 18 a 24 anos eram os que mais empreendiam, em comparação a todas as faixas etárias analisadas por aqui. 

Isso foi bem quisto e muito benéfico, pois estimular e apoiar o empreendedorismo entre os jovens é uma estratégia importante para promover o desenvolvimento econômico e social a longo prazo.

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Anos 2010

Durante os anos de 2010 a 2019, houve uma flutuação média de 18,44% nas taxas de empreendedorismo no Brasil – 4,4% a mais que nos 10 anos anteriores.

Durante o período, grandes acontecimentos impactaram a vida do empreendedor brasileiro, como a crise e a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Mesmo assim, o Brasil se consolidava cada vez mais como um país empreendedor. Tanto é que, segundo dados do Sebrae, junto a instituição de pesquisa Dieese, entre 2010 e 2011, haviam mais de 6 milhões de micro e pequenas empresas abertas.

Só em 2011 elas foram responsáveis por cerca de 27% do PIB, gerando uma renda de R$ 599 bilhões para o país.

Embora o período de 2014 a 2017 tenha sido conturbado, eventos internacionais trouxeram oportunidades para que micro e pequenas empresas pudessem se reinventar, explorando novos mercados e diversificando ofertas de produtos e serviços.

A crise econômica e política impulsionou a vontade do brasileiro em empreender, tanto que as taxas relacionadas à atividade empreendedora voltaram a aumentar após 2014.

O setor teve um pico em 2019, ano em que havia 23,3% pequenas e microempresas abertas de 3 meses a 3,5 anos.

O grande destaque do ano foi a quantidade de negócios nascentes*. Em 2019, eram 8,1% (contra apenas 1,7% em 2018), o que demonstra o crescente desejo do brasileiro em ter um negócio.

*Classifica-se como negócio nascente, quem, nos últimos 12 meses, realizou alguma ação visando ter um negócio próprio ou já abriu o seu, tendo até 3 meses de operação.

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Anos 2020 até hoje

O grande acontecimento dos anos 2020 foi a pandemia da covid-19, uma das maiores responsáveis por alimentar o desejo do brasileiro em ter seu próprio empreendimento.

Isso é perceptível pela alta no índice da atividade empreendedora no Brasil durante os anos de 2019 e 2020; 23,3% e 23,4% respectivamente, segundo a Pesquisa GEM.

O levantamento também mostra uma alta na taxa de empreendedores potenciais de 2019 para 2020. De um ano para o outro, houve aumento de 23% na quantidade de adultos que não empreendiam, mas desejavam empreender em até três anos.

O Brasil é o 2º país com mais empreendedores potenciais do mundo, apenas atrás da Índia.

Em 2023, o Brasil era o 8º país com maior taxa de empreendedorismo total. Naquele ano, eram 42 milhões de brasileiros entre 18 a 64 anos empreendendo, além dos 48 milhões que pretendiam ter um negócio em até três anos.

Empreender era algo tão cobiçado que configurava-se como o 3º maior sonho da população, de acordo com o GEM.

Somente de janeiro a agosto de 2023 foram abertos mais de 2,7 milhões de negócios no país, segundo dados divulgados pelo Mapa de Empresas, desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) em parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).

Ainda, de acordo com o Mapa, das 21,8 milhões de empresas ativas no Brasil, 93,7% eram microempresas ou empresas de pequeno porte.

Esse crescimento contínuo deu vida ao Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP), entidade encarregada de desenvolver políticas, iniciativas e programas que auxiliam a formalização de negócios, além de promover o acesso ao microcrédito e a recursos financeiros.

Apesar dos desafios históricos enfrentados, o Brasil se destaca como uma potência empreendedora global, alimentado pela criatividade, determinação e resiliência da população.

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Os desafios do empreendedorismo no Brasil

A vontade de empreender está enraizada na população brasileira, o que é evidenciado pelo crescimento das taxas de empreendedorismo e pelos milhões de novos negócios abertos a cada dia.

O crescimento é excelente, mas não podemos deixar de lado a quantidade de empresas que morrem todos os anos. De janeiro até agosto de 2023, 1,47 milhões de empresas foram fechadas, de acordo com o Mapa das Empresas. 

O Brasil fechou o ano com saldo positivo, porém é evidente o quão incidente são as dificuldades que atrapalham o desenvolvimento de negócios no país.

Segundo o Sebrae, alguns dos principais desafios enfrentados pelos empreendedores brasileiros (que podem levá-los a decisão de fechar seus empreendimentos), são:

  1. Alta carga tributária: o Brasil tem a 14ª maior carga tributária do mundo. Para os empreendedores, isso significa que uma parte da receita é destinada ao pagamento de impostos. Em consequência, há redução da margem de lucro e dificuldade de reinvestimento.
  2. Excesso de burocracia: apesar das normas e do MEMP, abrir, manter e fechar uma empresa no Brasil ainda é bastante burocrático, envolvendo procedimentos legais, regulamentações e documentação exigida.
  3. Obtenção de crédito: outro grande desafio devido à dificuldade em acessar financiamentos e às altas taxas de juros. Isso aumenta o custo do capital e pode inviabilizar projetos de expansão ou modernização, além de pressionar o fluxo de caixa da empresa.
  4. Permanência no mercado: a concorrência intensa é um desafio constante. Manter a relevância e a sustentabilidade do negócio requer inovação, planejamento e adaptação às tendências, fatores que muitas empresas têm dificuldades em desenvolver.
  5. Inovação: devido à falta de recursos, conhecimento ou apoio, muitos empreendedores também têm dificuldades em implementar novas ideias. É importante lembrar que a inovação envolve não apenas a criação de novos produtos ou serviços, mas também a melhoria de processos e modelos de negócios.
  6. Marketing e vendas: muitos empreendedores ainda não veem o marketing como um investimento. Por isso, não conseguem desenvolver estratégias eficientes, tampouco compreender seu público-alvo, utilizar canais de comunicação adequados e converter leads em clientes. Isso impacta diretamente o crescimento e a sustentabilidade da empresa.
  7. Gestão financeira: outro percalço é o controle e planejamento das finanças. Uma gestão deficiente pode gerar problemas de liquidez e, nos casos extremos, a falência do negócio.
  8. Gestão de pessoas: ter um negócio próspero vai além da contratação. É preciso investir em treinamento, motivação e retenção de funcionários, carência vista em muitas empresas.
  9. Capacitação profissional: o desenvolvimento contínuo de habilidades e conhecimentos é crucial para acompanhar as mudanças do mercado e implementar melhores práticas no negócio. Contudo, empreendedores muitas vezes não sabem por onde começar ou, muitas vezes, nem cogitam capacitar o time.

Corroborando com a lista, um estudo da organização sem fins lucrativos Endeavor, realizada com a Neoway e Datafolha, em 2016, mostra que a gestão de pessoas é o desafio mais recorrente entre empreendedores. 

Depois dela, a gestão financeira, a regulação, a inovação e o marketing figuram o top 5.

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Como superar os desafios de empreender no Brasil?

Esses desafios podem ser vencidos com auxílio de planejamentos estratégicos, capacitação e apoio adequado do governo e instituições.

Na prática, quem quer ter um negócio pode contar com instituições como Sebrae, BNDES, Valutech, incubadoras e aceleradoras que fornecem suporte e infraestrutura para startups e empresas em estágio inicial; associações comerciais e industriais e programas governamentais.

Além disso, outras medidas são recomendadas, como:

  • Realizar o valuation da empresa para entender o valor intrínseco do empreendimento. Isso ajuda na tomada de decisões informadas e estratégicas.
  • Realizar o planejamento tributário com um contator experiente;
  • Automatizar de processos, como emissão de notas fiscais e gestão de documentos;
  • Realizar consultoria jurídica para garantir que todos os procedimentos legais sejam cumpridos corretamente;
  • Preparar de um plano de negócios detalhado e bem estruturado;
  • Analisar prévia e periodicamente do mercado para entender melhor o comportamento dos consumidores e as tendências do setor;
  • Diversificar o portfólio de produtos e serviços para reduzir a dependência de um único mercado;
  • Investir em P&D para criar produtos e serviços inovadores;
  • Utilizar ferramentas e estratégias de marketing digital, como SEO, redes sociais, e-mail marketing e anúncios online para alcançar mais clientes;
  • Capacitar e treinar a equipe de vendas regularmente para melhorar suas habilidades de negociação e atendimento ao cliente em diferentes canais;
  • Utilizar softwares de gestão financeira para monitorar o fluxo de caixa, controlar despesas e fazer previsões financeiras;
  • Criar uma cultura organizacional positiva que motive e retenha talentos;
  • Investir em cursos, workshops e seminários para adquirir novas habilidades e conhecimentos.

Muita coisa mudou em mais de 50 anos de história. Leis foram desenvolvidas e programas de apoio instituídos. 

Junto a isso, o espírito empreendedor do brasileiro permaneceu constante, evoluindo e adaptando-se aos desafios de cada época.

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Valuation é parte intrínseca do empreendedorismo

O valuation é um componente crítico para superação de desafios de obtenção de crédito e captação de investimentos. O processo ajuda a construir uma base sólida para o crescimento e a sustentabilidade do empreendimento, uma vez que traz clareza sobre o valor real do negócio.

Isso é especialmente importante em situações como fusões e aquisições, entrada de novos investidores, venda de participações, planejamento estratégico e tomada de decisões financeiras.

Veja mais: Desvendando MRR e ARR: como calcular e melhorar o valor da sua empresa

Na prática, poucos empreendedores entendem sobre valuation. Por isso, o ideal é contar com uma empresa especialista no assunto, como a Valutech.

O objetivo da Valutech é auxiliar pequenas e médias empresas a avaliarem o valor de seus próprios negócios, de maneira rápida e prática, com base em dados reais e confiáveis. Desenvolvida por especialistas da área, empreendedores podem usar a ferramenta de maneira intuitiva, mesmo sem ter conhecimentos teóricos ou intermediadores.

A Valutech oferece uma solução descomplicada e acessível para todos os empreendedores.

Em um ambiente cada vez mais favorável, com políticas de apoio em vigor, o futuro do empreendedorismo brasileiro é promissor.

Com determinação e o apoio adequado, os empreendedores brasileiros têm todas as condições para superar os desafios e contribuir de forma significativa para o desenvolvimento econômico e social do país.