Você já parou para pensar quanto vale uma empresa que fatura 300 mil por mês? Imagino que para muitos donos de negócios essa pergunta já passou pela cabeça em algum momento. Afinal, ver a empresa crescendo e lucrando é um sinal de que todo esforço está em tese valendo a pena, mas também nos faz questionar qual é o verdadeiro valor dela no mercado.
Neste artigo, vamos simplificar essa conversa sobre o valor de uma empresa. Não vamos falar apenas de números, mas também do que realmente conta na hora de avaliar um negócio. Porque, acreditem, não é só o dinheiro que entra todo mês que define quanto ela vale. Vamos explorar juntos, de um jeito fácil de entender, tudo o que influencia no valor de uma empresa que fatura 300 mil reais por mês.
Fatores que impactam para saber quanto vale uma empresa que fatura 300 mil por mês
Quando falamos sobre o valor de uma empresa, ou seu “valuation”, como é conhecido no jargão dos negócios, muita gente pensa logo no faturamento. E faz sentido, afinal, quanto mais uma empresa fatura, mais ela parece valer, certo? Mas a história não é tão simples assim.
O faturamento é uma peça importante do quebra-cabeça, sim, mas ele anda de mãos dadas com vários outros fatores que juntos definem o valor de uma empresa.
Primeiro, vamos entender por que o faturamento é tão importante. Pense no faturamento como a energia que move a empresa. É ele que mostra se o negócio está indo bem, atraindo clientes e vendendo seu produto ou serviço.
Um faturamento alto pode indicar que a empresa tem uma boa participação no mercado e que seus clientes estão satisfeitos. Mas é como dizem por aí: nem tudo que reluz é ouro. Um faturamento alto não significa automaticamente um negócio saudável.
A empresa precisa gerar lucro, ou seja, o que sobra depois de pagar todas as despesas. Por isso, olhar só para o faturamento pode ser enganoso.
O que NINGÚEM te conta sobre o valor da sua empresa
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Outros aspectos que influenciam no valuation
Além do faturamento e lucro, outros aspectos também influenciam no valuation de uma empresa. Alguns exemplos são: base de clientes, dívidas, fluxo de caixa, força da marca e muito mais.
Uma empresa que depende de poucos clientes para a maior parte de seu faturamento pode ser vista como mais arriscada, enquanto uma com muitos clientes diversificados tende a ser mais estável e valiosa. Outro fator é o potencial de crescimento. Empresas que operam em mercados em expansão ou que têm planos sólidos para crescer nos próximos anos geralmente têm um valuation maior.
Também não podemos esquecer da equipe. Empresas com times fortes, bem organizados e com experiência relevante no setor tendem a ser mais valiosas. Isso porque investidores e compradores sabem que uma boa equipe é capaz de enfrentar desafios e aproveitar oportunidades melhor do que equipes menos preparadas.
Em resumo, o faturamento é um indicador chave que atrai olhares para o negócio, mas ele não conta toda a história sozinho. É a combinação de alguns fatores como faturamento com lucratividade, diversificação de clientes, potencial de crescimento e a força da equipe que realmente define o valor de uma empresa.
Quando olhamos para todas essas peças juntas, conseguimos ter uma ideia mais clara do que uma empresa vale de verdade.
E lembrem-se: fazer o valuation de uma empresa APENAS utilizando seu faturamento serve somente para ter uma ideia rápida do quanto ela pode valer, ignorando diversos fatores.
Siga lendo nosso artigo que iremos nos aprofundar nesse raciocínio.
Entenda as limitações de avaliar a empresa somente pelo faturamento
Usar apenas o faturamento para calcular o valor de uma empresa, o que chamamos de “valuation”, pode ser tentador pela sua simplicidade. Afinal, olhar para o dinheiro que entra todo mês dá uma ideia rápida do sucesso do negócio, não é mesmo?
Apesar disso, essa abordagem tem suas limitações e pode não refletir o verdadeiro valor de uma empresa.
Um método popular que foca no faturamento é o dos múltiplos de faturamento. Esse método calcula o valor da empresa multiplicando seu faturamento por um número que varia de acordo com o setor em que a empresa atua.
Por exemplo, se o múltiplo do setor for 5 e o faturamento anual da empresa for de R$1 milhão, o valuation seria de R$5 milhões. Parece simples, mas aqui esbarramos em algumas complicações.
Primeiro, há o viés dos múltiplos escolhidos. Esses números vêm de uma média do setor, que é baseada em uma amostra de empresas. Mas e se essa amostra não incluir empresas que, mesmo no mesmo setor, operam de maneira muito diferente?
Ou ainda utilizar um múltiplo de empresas negociadas na bolsa de valores? Um múltiplo de faturamento oriundo da B3 não funcionará na sua empresa.
Uma empresa inovadora com grandes margens de lucro pode ser subvalorizada se comparada apenas pelo faturamento com outras que têm margens menores. Da mesma forma, uma empresa com dívidas significativas pode parecer mais valiosa do que realmente é se o endividamento não for considerado.
Outro ponto é que esse método assume que o passado é um bom preditor do futuro. Ele não leva em conta o potencial de crescimento da empresa ou os desafios únicos que ela pode enfrentar. Diferentes estratégias de negócio, novos produtos ou serviços e até mudanças no mercado podem afetar drasticamente o verdadeiro valor de uma empresa.
Saúde financeira da empresa de forma abrangente
Além disso, o método de múltiplos de faturamento não considera a saúde financeira da empresa de forma abrangente. Duas empresas com o mesmo faturamento podem ter custos e lucros muito diferentes.
Uma pode estar gerando lucro enquanto a outra opera no vermelho. Esse método não capta essas nuances, o que pode levar a uma avaliação muito superficial.
Em resumo, embora o faturamento seja um aspecto importante, confiar somente nele e no método de múltiplos de faturamento para avaliar o valor de uma empresa pode ser enganoso. O faturamento não conta toda a história.
É essencial olhar para o conjunto completo das finanças da empresa, entender seu mercado, sua posição competitiva, e avaliar tanto seus ativos quanto suas dívidas para chegar a uma avaliação precisa. Dessa forma, evitamos o risco de superestimar ou subestimar o verdadeiro valor de um negócio.
Os métodos indicados levando em consideração o valuation pelo faturamento
Dois métodos populares que se baseiam no faturamento para fazer o valuation de uma empresa são o Fluxo de Caixa Descontado (FCD) e os Múltiplos de Faturamento. Cada um tem suas particularidades e serve a propósitos distintos, dependendo do tipo de negócio e do que se deseja analisar.
Fluxo de Caixa Descontado
Começando pelo Fluxo de Caixa Descontado, esse método olha para o futuro, não apenas para o que a empresa já alcançou. Ele tenta prever todos os fluxos de caixa que a empresa gerará ao longo dos anos e depois “desconta” esses valores para o presente, usando uma taxa que reflete o risco e o tempo.
O objetivo é descobrir quanto dinheiro a empresa pode gerar para seus proprietários ou acionistas no futuro. É como se estivéssemos dizendo: “Ok, essa empresa tem potencial de trazer X reais nos próximos anos. Quanto isso vale para mim hoje, considerando todos os riscos e a espera?”.
Esse método é bastante detalhado e leva em conta fatores como investimentos, despesas e a capacidade da empresa de se manter competitiva e lucrativa a longo prazo.
Múltiplos de Faturamento
Já os Múltiplos de Faturamento oferecem uma abordagem mais direta. Aqui, o faturamento é multiplicado por um “múltiplo”, que é determinado com base no setor de atuação da empresa e em comparações com outras empresas similares.
Esse múltiplo reflete quanto os investidores estão dispostos a pagar por cada real de faturamento, com base no desempenho atual de empresas no mesmo setor. Esse método é particularmente útil para obter uma avaliação rápida e para comparar empresas dentro do mesmo ramo de atividade.
No entanto, como já discutimos, esse método tem suas limitações, pois não considera detalhadamente a saúde financeira futura da empresa ou os desafios específicos que ela pode enfrentar.
Ambos os métodos, Fluxo de Caixa Descontado e Múltiplos de Faturamento, têm seus lugares no arsenal de ferramentas de avaliação de empresas. O FCD é mais detalhado e considera a visão de longo prazo, ideal para investidores que desejam uma análise aprofundada e têm acesso a informações detalhadas sobre as projeções financeiras da empresa.
Por outro lado, os Múltiplos de Faturamento oferecem uma maneira rápida de estimar o valor, especialmente útil para comparações gerais dentro de um setor. A escolha entre um e outro depende dos objetivos da avaliação e da quantidade de informação disponível.
Exemplo: valuation utilizando o faturamento e o método do FCD
Vamos simplificar o processo de calcular o valor de uma empresa usando o método do Fluxo de Caixa Descontado (FCD), incluindo o faturamento como um dos pontos de partida. Vamos imaginar que temos uma empresa de serviços. Queremos saber quanto essa empresa vale hoje, considerando o dinheiro que ela espera ganhar no futuro.
Aviso importante: para simplificar o processo de explicação, não vamos entrar em detalhes mais técnicos desse método, como o cálculo da perpetuidade (valor terminal) ou escolha da taxa de desconto específica, por exemplo.
Passo 1: estimar os fluxos de caixa futuros
Primeiro, precisamos estimar quanto dinheiro essa empresa de serviços vai gerar nos próximos anos. Digamos que, após analisar o mercado e o crescimento das vendas, esperamos que o faturamento líquido (faturamento menos custos) seja assim nos próximos cinco anos:
- Ano 1: R$ 100.000,00
- Ano 2: R$ 120.000,00
- Ano 3: R$ 140.000,00
- Ano 4: R$ 160.000,00
- Ano 5: R$ 180.000,00
Passo 2: escolher uma taxa de desconto
A taxa de desconto reflete o risco do negócio e o valor do dinheiro ao longo do tempo. Quanto maior o risco, maior a taxa. Para o negócio sendo avaliado, vamos supor que, após considerar os riscos do setor e a estabilidade da empresa, a taxa de desconto apropriada seja de 10% ao ano.
Passo 3: calcular o valor presente dos fluxos de caixa futuros
Para cada ano, dividimos o fluxo de caixa esperado pela (1 + taxa de desconto) elevada ao número do ano. Isso nos dá o valor presente (VP) de cada fluxo de caixa:
- VP Ano 1 = R$ 100.000 / (1 + 0,10)^1 = R$90.909
- VP Ano 2 = R$ 120.000 / (1 + 0,10)^2 = R$99.174
- VP Ano 3 = R$ 140.000 / (1 + 0,10)^3 = R$105.152
- VP Ano 4 = R$ 160.000 / (1 + 0,10)^4 = R$110.410
- VP Ano 5 = R$ 180.000 / (1 + 0,10)^5 = R$112.157
Passo 4: somar todos os valores presentes
Para encontrar o valor total da empresa hoje, somamos todos esses valores presentes:
- Valor Total = R$90.909 + R$99.174 + R$105.152 + R$110.410 + R$112.157 = R$517.802
Portanto, usando o método do Fluxo de Caixa Descontado e considerando nossas estimativas e taxa de desconto, a empresa vale aproximadamente R$517.802 hoje.
Esse método nos ajuda a entender o valor de uma empresa não apenas pelo que ela está fazendo agora, mas pelo potencial de ganhos no futuro, considerando os riscos e a perda de valor do dinheiro ao longo do tempo.
É claro que na vida real, faríamos cálculos mais complexos e consideraríamos muitos outros fatores, mas espero que esse exemplo tenha ajudado a simplificar a ideia do FCD.
Limitações e desvantagens do fluxo de caixa descontado
Embora o método do Fluxo de Caixa Descontado (FCD) seja uma ferramenta incrível para estimar o valor de uma empresa, ele vem com suas próprias limitações. Uma das principais é a necessidade de previsões exatas dos fluxos de caixa futuros.
Essa tarefa pode ser desafiadora, especialmente em mercados voláteis ou para empresas que estão apenas começando. Além disso, escolher a taxa de desconto correta também não é tarefa fácil, pois ela deve refletir adequadamente o risco associado ao negócio.
Erros nesses cálculos podem levar a uma avaliação imprecisa, superestimando ou subestimando o verdadeiro valor da empresa.
Outra limitação é que o FCD requer um entendimento sólido de finanças e acesso a muitos dados específicos da empresa e do mercado, o que nem sempre está disponível ou é fácil de interpretar para todos.
Diante desses desafios, uma alternativa que ganha espaço são as plataformas online de valuation. Essas ferramentas oferecem uma maneira mais acessível e, em muitos casos, simplificada de calcular o valor de uma empresa.
Ao invés de mergulhar em previsões e taxas de desconto por conta própria, você pode inserir dados básicos sobre seu negócio e deixar que a plataforma faça o trabalho pesado.
No nosso canal temos um vídeo explicando detalhadamente sobre o método Fluxo de Caixa Descontado, caso seja útil, você pode conferir abaixo:
Exemplo utilizando o método de múltiplos
Vamos pegar agora uma cafeteria como exemplo. Essa cafeteria fictícia tem se destacado e queremos descobrir quanto ela vale usando o método de múltiplos, baseado no seu faturamento.
Passo 1: descobrir o faturamento anual
Digamos que a cafeteria teve um faturamento anual de R$ 500.000,00.
Passo 2: determinar o múltiplo apropriado
No mundo das cafeterias, após descobrir múltiplos de faturamento de empresas parecidas, descobrimos que o múltiplo médio utilizado é de 3.
Isso significa que, geralmente, uma cafeteria pode valer três vezes o que fatura por ano.
Passo 3: fazer o cálculo
Com essas informações em mãos, o cálculo do valor da cafeteria fica assim:
Valor da empresa = Faturamento Anual x Múltiplo Valor da Café Expresso = R$500.000 x 3 = R$1.500.000
Portanto, segundo o método de múltiplos e considerando o faturamento atual, a cafeteria poderia valer cerca de R$1.500.000 no mercado.
Esse método é bastante prático e usado frequentemente por sua simplicidade, mas lembre-se, ele não captura toda a complexidade de um negócio, como sua lucratividade, crescimento futuro ou outros ativos intangíveis. Porém, para uma estimativa rápida, ele dá um bom ponto de partida.
Vantagens e desvantagens de cada método
Resolvemos criar uma tabela comparativa entre os métodos para demonstrar melhor a força e a fraqueza de cada um:
Critério | Método do FCD | Método de Múltiplos de Faturamento |
---|---|---|
Abordagem | Avalia a empresa com base na projeção de seus fluxos de caixa futuros, aplicando uma taxa de desconto para trazer esses valores a termos presentes. | Estima o valor da empresa multiplicando seu faturamento por um múltiplo específico do setor, baseado em empresas comparáveis, quando possível. |
Complexidade | Alta, requer análise detalhada de projeções financeiras e escolha de uma taxa de desconto adequada. | Baixa, mais fácil e rápido de aplicar, especialmente quando os dados financeiros detalhados não estão disponíveis. |
Precisão | Potencialmente alta, pois considera o valor do dinheiro no tempo e reflete o potencial de crescimento da empresa. | Varia, pode não refletir precisamente o valor intrínseco da empresa, especialmente se o múltiplo escolhido não capturar as características específicas do negócio. |
Vantagens | Adaptável a diferentes cenários financeiros. Leva em consideração a capacidade da empresa de gerar caixa no futuro. Mais adequado para análise interna detalhada. | Requer menos informação financeira. Útil para comparações rápidas no mesmo setor. Fácil de entender e comunicar a não especialistas. Bom para avaliações iniciais (não definitivas) ou visão geral do setor. |
Desvantagens | Complexidade e tempo necessário para o cálculo. Dependente da precisão das previsões futuras. Sensível à taxa de desconto utilizada e outros inputs. | Pode ignorar fatores específicos da empresa. Suscetível a tendências de mercado e variações setoriais. Não considera a estrutura de capital da empresa. Pode ser impreciso para empresas únicas ou inovadoras. |
Melhor Utilizado | Para avaliação detalhada de investimentos a longo prazo, especialmente útil para empresas com fluxos de caixa futuros mais definidos. | Para uma avaliação rápida ou quando comparando empresas dentro de um mesmo setor. Útil também para vendedores ou compradores que precisam de uma estimativa rápida do valor de mercado. |
Flexibilidade | Alta, pode ser ajustado para diferentes cenários, incluindo mudanças nas projeções de receitas ou custos, e variações na taxa de desconto. | Baixa, depende da disponibilidade e relevância de múltiplos de mercado atualizados; menos adaptável a condições específicas da empresa. |
Transparência | Requer divulgação de premissas e cálculos, o que pode aumentar a confiança dos investidores se bem fundamentado. | Pode ser visto como menos transparente, já que depende fortemente da seleção de múltiplos comparáveis, o que pode não ser diretamente relacionado às operações internas da empresa. |
Conclusão
Ao analisar os métodos do Fluxo de Caixa Descontado (FCD) e dos Múltiplos de Faturamento para avaliar o valor de uma empresa, fica claro que ambos têm seus lugares no arsenal de ferramentas de avaliação econômica-financeira de empresas, cada um com suas forças e fraquezas.
O FCD é mais detalhado e considera o potencial de crescimento futuro da empresa, ideal para investidores e proprietários que buscam uma compreensão profunda do valor intrínseco de um negócio. Por outro lado, o método de Múltiplos oferece uma abordagem mais rápida e acessível, perfeita para avaliações preliminares ou comparações setoriais rápidas.
A escolha do método depende do objetivo da avaliação, do tipo de negócio em questão, e da quantidade e qualidade das informações disponíveis. Para uma avaliação mais precisa e significativa, pode ser útil combinar insights de ambos os métodos, aproveitando suas vantagens complementares. Independentemente do método escolhido, uma avaliação cuidadosa e bem fundamentada é importante para entender o verdadeiro valor de uma empresa e tomar decisões de negócios informadas.
E não esqueçam, caso queiram um valuation sólido utilizando ambas as metodologias, a Valutech é a escolha certa. Acompanhe nosso vídeo onde mostramos como usar nossa ferramenta.
Cofundador Valutech, especialista em valuation e entusiasta em programação.
Certificado em Advanced Valuation (ministrado por Aswath Damodaran) pela New York University (NYU), Certificado em Valuation (Avaliação de Empresas) e Análise de Investimentos pela PUCRS, Certificado em International Business e Business Administration pela Universidade da Califórnia, Irvine (UCI) e Bacharel em Administração de Empresas (Linha de Formação em Tecnologia da Informação), PUCRS.