O custo de capital (cost of capital em inglês) é um conceito de extrema importância no mundo das finanças corporativas e negócios, atuando como uma métrica mais que necessária para empresas que buscam avaliar a viabilidade e o retorno de seus projetos e investimentos.
Ele representa a taxa de retorno que a empresa precisa atingir em seus projetos de investimento para manter ou aumentar o valor de mercado de suas ações, satisfazendo as expectativas de acionistas e credores.
Esse indicador não apenas influencia decisões estratégicas, como expansões, aquisições e financiamentos, mas também serve como um balizador para a gestão eficiente dos recursos, assegurando que apenas investimentos que superem esse custo sejam empreendidos, garantindo assim um retorno esperado que em tese vai impactar positivamente o resultado da empresa.
O que é custo de capital?
O custo de capital pode ser entendido como a taxa de retorno necessária para que um investimento (como uma ideia ou projeto, por exemplo) seja considerado viável, refletindo o custo para a empresa ao captar recursos financeiros.
Ele é fundamental para avaliar se os projetos em que a empresa deseja investir são capazes de gerar retornos adequados, levando em conta o risco envolvido
Um dos motivos para levar em consideração o custo do capital nas análises é para tentar preservar o valor de mercado de suas ações e atender às expectativas de seus investidores e credores ao escolher novos investimentos para o negócio.
Este conceito serve como uma bússola financeira, orientando as decisões de investimento e financiamento ao indicar o mínimo retorno necessário para justificar o risco assumido.
Ao superar o custo de capital, os investimentos adicionam valor à empresa, contribuindo para sua sustentabilidade e crescimento a longo prazo.
Este indicador pode ser calculado considerando tanto o custo do capital próprio quanto o custo do capital de terceiros, refletindo uma ponderação dos diferentes tipos de financiamento que a empresa utiliza.
O especialista em finanças corporativa Tim Koller, autor do livro “Valuation: Measuring and Managing the Value of Companies” explica que o custo de capital de uma empresa é crucial para determinar a criação de valor e avaliar decisões estratégicas.
Ele corresponde à taxa usada para descontar os fluxos de caixa futuros de uma empresa ou projeto.
Também é a taxa comparada ao retorno sobre o capital investido (ROIC – return on invested capital) para determinar se a empresa está criando valor. Ou seja, se a empresa está valendo mais sob o ponto de vista do seu valuation.
O custo do capital engloba tanto o valor do dinheiro no tempo quanto o risco do investimento na empresa, unidade de negócios ou projeto.
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Qual a importância do custo de capital?
Conforme já explicado anteriormente, a utilização do custo de capital é fundamental para as empresas, pois serve como um guia para avaliar a viabilidade financeira de projetos e investimentos.
Ao aplicar o custo do capital, as organizações podem determinar se um determinado projeto irá gerar retornos suficientes para cobrir o custo associado ao financiamento do investimento, além de proporcionar um retorno adicional que justifique o risco.
Essa prática ajuda a evitar investimentos ruins e a focar em oportunidades que verdadeiramente agreguem valor, contribuindo assim para a estratégia de crescimento sustentável, aumentar sua lucratividade e para gerar mais retorno financeiro aos sócios da empresa.
Custo de Capital é uma forma de análise de custo de oportunidade
O custo de capital representa um custo de oportunidade, pois reflete o retorno que os investidores esperam receber ao aplicar seu capital (dinheiro) em uma alternativa específica em vez de outras opções disponíveis.
Essa taxa de retorno mínima esperada serve como uma comparação para avaliar se um investimento específico é pode trazer mais retorno que outro, ou se até mesmo vale a pena tocar um novo projeto ou abandonar a ideia.
Ao optar por investir em um projeto, a empresa abre mão de outras oportunidades potencialmente lucrativas, fazendo com que o custo de capital indique o mínimo retorno necessário para justificar essa escolha, incorporando tanto o risco do investimento quanto o valor temporal do dinheiro.
Custo de Capital não é um tipo de custo financeiro
O custo do capital difere do custo do dinheiro pois não representa uma despesa direta.
Em vez disso, ele reflete a taxa de retorno exigida pelos investidores para compensar o risco de investir na empresa ou algum outro investimento.
Esse conceito está mais relacionado ao custo de oportunidade do que ao custo financeiro explícito.
Ao investir capital, a empresa deve gerar retornos que superem esse custo implícito, caso contrário, estaria melhor investindo o capital em outra oportunidade com menor risco ou maior retorno.
Exemplo sobre como funciona o Custo de Capital
Imagine que uma empresa esteja considerando investir em um novo projeto que promete um retorno de 10% ao ano.
Se o custo de capital da empresa for de 8%, isso significa que, ao invés de investir em outra oportunidade com um retorno esperado de pelo menos 8%, a empresa escolhe investir no projeto em questão.
O custo de capital, neste caso, representa o custo de oportunidade de não investir esse capital em outras oportunidades com retornos similares ou superiores.
Portanto, ao superar o custo do capital de 8%, o projeto é considerado viável, pois oferece um retorno adicional sobre o custo de oportunidade.
Estrutura de Capital
A estrutura de capital de uma empresa refere-se à maneira como ela financia suas operações e crescimento por meio de diferentes fontes de capital, que podem incluir dívida / capital de terceiros e capital próprio (equity).
O custo do capital próprio (cost of equity em inglês) está relacionado à expectativa de retorno que os acionistas (ou sócios) exigem por investirem na empresa, refletindo o risco associado. Já o custo do capital de terceiros (custo da dívida ou cost of debt em inglês) diz respeito ao interesse que a empresa deve pagar sobre as dívidas que contrai.
Ambos os custos são componentes essenciais do Custo Médio Ponderado de Capital (WACC), que as empresas utilizam para avaliar o retorno mínimo necessário para seus projetos de investimento serem considerados atrativos, equilibrando o mix de financiamento para otimizar o custo total de capital e, por consequência, maximizar o valor da empresa.
Custo do Capital Próprio (Cost of Equity)
O custo do capital próprio é uma medida em tese do retorno que os acionistas esperam pelo investimento realizado na empresa.
Esse custo é influenciado por fatores externos, como o ambiente econômico e o mercado de ações, e internos, como o desempenho e risco da empresa.
Para calcular esse custo, geralmente utiliza-se o Modelo de Precificação de Ativos Financeiros (CAPM), que considera o retorno livre de risco, o prêmio de risco do mercado e o beta da empresa, um indicador de seu risco em relação ao mercado.
O custo do capital próprio é importante para a tomada de decisões estratégicas, pois indica o mínimo retorno que os projetos de investimento devem gerar para satisfazer as expectativas dos acionistas e contribuir para o valor da empresa.
Fórmula Custo do Capital Próprio
Para calcular o custo do capital próprio é só seguir a fórmula do Modelo de Precificação de Ativos Financeiros (CAPM – Capital Asset Pricing Model).
Ke = Rf + β x [Rm – Rf]
Onde:
Ke = Custo do capital próprio
Rf= Taxa livre de risco
β = Beta da empresa (destino do investimento)
Rm = Retorno esperado do mercado
Exemplo de Cálculo
Com base nos valores assumidos para o exemplo, onde a taxa de retorno livre de risco (Rf) é de 3%, o beta da empresa (β) é 1.2, e o prêmio de risco do mercado (Rm – Rf) é de 5%, o cálculo do custo do capital próprio usando o Modelo de Precificação de Ativos Financeiros (CAPM) seria de 9%.
Isso significa que, para ser considerado um investimento atrativo, um projeto deve oferecer um retorno superior a 9% para compensar o risco assumido pelos sócios / acionistas.
Custo do Capital de Terceiros (Cost of Debt)
O custo do capital de terceiros (ou custo da dívida) refere-se ao interesse que a empresa deve pagar sobre as dívidas que contrai, como empréstimos, debêntures, e outras formas de financiamento externo.
Esse custo é geralmente mais fácil de quantificar do que o custo do capital próprio, pois está explicitamente definido nas condições de financiamento (por exemplo nos contratos).
Um aspecto vantajoso do capital de terceiros é sua dedutibilidade fiscal, o que pode reduzir o custo líquido para a empresa.
Administrar o custo do capital de terceiros é essencial para manter uma estrutura de capital eficiente, equilibrando o uso de dívida para alavancar o retorno sobre o capital próprio sem aumentar excessivamente o risco financeiro.
Fórmula Custo do Capital de Terceiros
Para calcular o custo da dívida (ou capital de terceiros) é só usar a seguinte fórmula:
Custo do Capital de Terceiros = Despesas Financeiras / Dívidas * (1 – alíquota impostos)
Onde:
Despesas financeiras = juros pagos aos credores
Dívida = capital de terceiros (passívo exigível da empresa)
Reparem que a fórmula acima já inclui o efeito fiscal.
Outra forma de utilizar a fórmula do custo do capital de terceiros antes dos impostos é a seguinte:
Kd = j / Ct
Onde:
j = juros pagos aos credores
Ct = capital de terceiros (passívo exigível da empresa)
Como calcular o Custo de Capital
O cálculo do indicador envolve determinar o Custo Médio Ponderado de Capital (WACC), que combina o custo do capital próprio e o custo do capital de terceiros, ponderados pela proporção de cada um no financiamento total da empresa.
Para calcular o custo do capital próprio, pode-se usar o Modelo de Precificação de Ativos Financeiros (CAPM), que leva em consideração o retorno livre de risco, o beta da empresa (medida de risco em relação ao mercado) e o prêmio de risco do mercado.
O custo do capital de terceiros é geralmente o custo efetivo após impostos da dívida da empresa.
Fórmula Custo de Capital
Como neste artigo iremos utilizar o WACC como custo do capital, a seguir duas fórmulas de se chegar no WACC:
WACC = ( E/D+E x Ke) + [( D/D+E x Kd x (1 – t)]
Onde:
WACC = Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC) ou cost of capital
Ke = Custo do Capital Próprio (cost of equity)
Kd = Custo do Capital de Terceiros (cost of debt)
E = total de patrimônio líquido / capital próprio (equity)
D = total de dívida (debt)
Exemplo Prático
Por exemplo, se uma empresa tem um custo do capital próprio de 10%, um custo de capital de terceiros de 5% após impostos, e utiliza 50% de capital próprio e 50% de dívida em sua estrutura de capital, seu WACC seria calculado como a média ponderada desses custos, resultando em 7,5%.
A relação do indicador com o valor da empresa
A relação entre o custo de capital e a criação de valor para a empresa é intrínseca e fundamental. O custo do capital serve como uma taxa de desconto para avaliar o valor presente dos fluxos de caixa futuros gerados por projetos e investimentos.
Quando uma empresa realiza investimentos cujos retornos superam o seu custo de capital, ela está criando valor adicional, pois os projetos estão gerando mais do que o mínimo exigido pelos financiadores (sócios e credores) para compensar o risco assumido.
Dito isso, a gestão eficaz do custo de capital é importante para aumentar o valor da empresa.
Investimentos que têm uma taxa de retorno acima do custo de capital indicam que a empresa não apenas está cobrindo o custo de seu financiamento, mas também está gerando excedentes que contribuem para o aumento do valor da empresa.
Ao contrário, investimentos com retornos abaixo do custo do capital podem diminuir o valor da empresa, pois indicam que os recursos não estão sendo empregados da maneira mais eficiente possível.
Assim, a busca contínua por otimizar a estrutura de capital da empresa, buscando a combinação mais custo-efetiva de dívida e capital próprio, é uma estratégia chave para reduzir o custo de capital global e, por sua vez, aumentar o potencial de criação de valor através de decisões de investimento mais rentáveis.
Como o indicador afeta as decisões de investimentos e financiamentos das empresas
O custo de capital desempenha um importante papel nas decisões de investimento e financiamento das empresas, atuando como um critério para avaliar a viabilidade econômica de projetos e a escolha das fontes de financiamento. Aqui estão alguns pontos que destacam essa influência:
- Decisões de Investimento: O custo de capital é utilizado como taxa de desconto para avaliar o valor presente líquido (VPL) de projetos de investimento futuros. Projetos com um VPL positivo, após serem descontados pelo custo de capital, são considerados economicamente viáveis, pois indicam que geram um retorno superior ao custo de obtenção e utilização do capital. Isso garante que a empresa esteja investindo em projetos que maximizem o valor para os acionistas.
- Avaliação de Risco: O custo de capital reflete o risco percebido dos investimentos da empresa. Projetos mais arriscados exigem um retorno maior para compensar os investidores pelo risco adicional, elevando o custo de capital para esses projetos. Assim, o custo de capital ajuda a garantir que o nível de risco esteja alinhado com as expectativas de retorno.
- Estratégia de Financiamento: A estrutura de capital ótima de uma empresa busca minimizar o custo de capital. Ao financiar operações ou projetos, as empresas devem avaliar o custo de diferentes fontes de financiamento (capital próprio vs. capital de terceiros) para determinar a combinação mais eficiente em termos de custo. Uma estrutura de capital que minimize o custo de capital pode reduzir as despesas financeiras e melhorar a rentabilidade e o valor da empresa.
- Política de Dividendos: O custo de capital também influencia as políticas de dividendos, pois as empresas precisam equilibrar o retorno que os acionistas esperam (refletido no custo do capital próprio) com a necessidade de reinvestir lucros para financiar o crescimento futuro. Pagar dividendos altos demais pode limitar os fundos disponíveis para investimentos rentáveis, enquanto reter lucros para investir em projetos com retornos abaixo do custo de capital pode não ser do interesse dos acionistas.
Portanto, o custo de capital é uma ferramenta extremamente útil para alinhar as decisões de investimento e financiamento com a estratégia de longo prazo da empresa, garantindo que todos os investimentos e estratégias de financiamento contribuam para a criação de valor e o crescimento sustentável.
Perguntas Frequentes (FAQ)
O Custo Médio Ponderado de Capital representa o mínimo de remuneração exigido dos investidores?
Sim, o Custo Médio Ponderado de Capital (WACC, do inglês “Weighted Average Cost of Capital”) representa a taxa mínima de retorno exigida pelos investidores para compensá-los pelo risco de investir na empresa.
O custo de capital pode mudar?
Sim. O custo de capital pode variar com mudanças na estrutura de capital da empresa, nas taxas de juros de mercado, na percepção de risco da empresa ou em regulamentações fiscais.
O custo de capital é o mesmo que a taxa de desconto?
O custo de capital muitas vezes serve como a taxa de desconto em análises de fluxo de caixa descontado (DCF), pois reflete a taxa de retorno mínima exigida sobre investimentos. No contexto de DCF, pode-se dizer que é usado como sinônimo de taxa de desconto.
Como uma empresa pode reduzir seu custo de capital?
Uma empresa pode tentar reduzir seu custo de capital otimizando sua estrutura de capital, refinanciando dívidas com melhores taxas de juros , melhorando sua avaliação de risco ou aumentando sua eficiência operacional para gerar retornos mais altos.
O ponto de equilíbrio considera o custo de capital?
O ponto de equilíbrio financeiro de uma empresa não considera diretamente o custo de capital em seu cálculo. O ponto de equilíbrio é uma medida de análise financeira que determina o volume de vendas ou produção necessário para cobrir todos os custos fixos e variáveis da empresa, sem gerar lucro ou prejuízo.
O custo de capital é o mesmo para todas as empresas?
Não. O custo de capital varia de acordo com o risco associado à empresa e seus projetos, a estrutura de capital e as condições de mercado. Empresas em setores mais arriscados ou com maior alavancagem tendem a ter um custo de capital mais alto.
Cofundador Valutech, especialista em valuation e entusiasta em programação.
Certificado em Advanced Valuation (ministrado por Aswath Damodaran) pela New York University (NYU), Certificado em Valuation (Avaliação de Empresas) e Análise de Investimentos pela PUCRS, Certificado em International Business e Business Administration pela Universidade da Califórnia, Irvine (UCI) e Bacharel em Administração de Empresas (Linha de Formação em Tecnologia da Informação), PUCRS.