Amortização e depreciação são termos relativamente comuns quando falamos em contabilidade. Já exaustão é outro termo que aparece com menos frequência. Mas você sabe de fato o que é cada um deles? E para que serve?
Em inglês os termos são traduzidos como depreciation, depletion and amortization (DD&A) e são técnicas contábeis onde o objetivo é permitir que empresas façam a redução ou distribuição dos custos de diferentes ativos ao longo de sua vida útil.
Ou seja, a amortização, depreciação e exaustão existem com o intuito de seguir o princípio da correspondência, que serve para que todas as despesas sejam registradas no mesmo períodos que as receitas.
É possível encontrar tais despesas nos documentos contábeis, como DRE e balanço patrimonial.
Continue lendo para se aprofundar no assunto. Boa leitura.
Entendendo melhor amortização, depreciação e exaustão
Existe uma certa confusão no entendimento entre os três termos e de certa forma é justificável: eles permitem algo parecido, ou seja, distribuir o custo de ativos ao longo de sua vida útil, refletindo uma redução gradual de seu valor econômico.
Vamos citar um exemplo para clarificar melhor essa questão.
Digamos que se uma máquina, ou uma ferramenta de grande custo, ou até mesmo uma propriedade exigir um grande investimento, esse custo pode ser contabilizado ao longo de sua vida útil, em vez de ser registrado de maneira total no período que o pagamento aconteceu.
Na contabilidade essa técnica tem o objetivo de oferecer uma representação um pouco mais precisa do lucro da empresa.
Agora que já falamos sobre o básico, vamos para as explicações específicas.
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O que é amortização?
A amortização é uma prática contábil que permite amortizar o valor de um ativo intangível ao longo do tempo, ou seja, reconhecer a perda do valor desse tipo de ativo.
Exemplos de tipos de ativos intangíveis que podem ser amortizados:
- Marcas
- Patentes
- Acordos de franchise
- Direitos autorais
- Licenciamentos temporários de ativos não físicos
- know-how (por exemplo transferência de propriedade intelectual, métodos, segredo comercial tecnologia e etc)
A amortização é contabilizada de maneira linear, ou seja, o mesmo valor é registrado como despesa ano a ano durante a vida útil desse ativo.
Exemplo de amortização
Para ilustrar e facilitar o entendimento, vamos agora demonstrar um exemplo.
Vamos imaginar que uma empresa adquira um software por R$ 50.000, e sua vida útil estimada seja de 5 anos. Como esse tipo de ativo intangível é normalmente amortizado de forma linear, o valor será dividido igualmente ao longo dos 5 anos.
Cálculo:
- Custo do ativo: R$ 50.000
- Vida útil: 5 anos
Amortização anual:
- Amortização por ano: R$ 50.000 ÷ 5 = R$ 10.000
Portanto, a empresa registrará uma despesa de amortização de R$ 10.000 a cada ano durante os 5 anos de vida útil do software. Após esses 5 anos, o valor do ativo será totalmente amortizado, ou seja, ele será contabilizado como tendo um valor residual de R$ 0.
Outro significado de amortização
O termo “amortização” também é utilizado em outro contexto.
Amortizar uma dívida, como no caso do pagamento de parcelas de um empréstimo, significa que o saldo devedor está sendo reduzido e amortizar um empréstimo significa pagar tanto o principal quanto os juros.
Amortização, nesse contexto, refere-se à forma como o saldo de um empréstimo é reduzido ao longo do tempo. A cada pagamento, uma parte vai para os juros e outra para diminuir o valor total da dívida, até que o saldo seja zerado e quitado.
O que é depreciação?
A depreciação é muito similar com a amortização. O objetivo da depreciação é a alocação das despesas de um ativo fixo ao longo da sua vida útil.
Em outras palavras, a depreciação reduz o valor de ativos tangíveis ao longo de sua vida, onde uma porcentagem é deduzida do seu valor original. Podemos citar exemplo de ativos tangíveis ou fixo como:
- Edifícios
- Equipamentos e ferramentas
- Móveis de escritório
- Veículos
- Máquinas
- Computadores e eletrônicos
- Instalações
Um ponto que diferencia a depreciação da amortização é que os ativos tangíveis podem ter algum valor residual quando a empresa não precisar mais deles. Ou seja, o ativo pode ser vendido depois da sua vida útil ou quando não for mais necessário.
O valor depreciado registrado como despesa a cada ano se torna uma dedução fiscal para a empresa até que a vida útil do ativo se esgote.
Depreciação acelerada
A depreciação de alguns ativos fixos pode ser realizada de forma acelerada, o que significa que uma maior parte do valor do ativo é contabilizada como despesa nos primeiros anos de sua vida útil. Veículos como carros e caminhões, por exemplo, geralmente são depreciados dessa maneira.
Exemplo de depreciação
Vamos imaginar que uma empresa compra um prédio para usar de escritório por R$ 1.000.000 e o utiliza por vários anos. Depois de algum tempo, a empresa decide se mudar para um prédio maior e mais novo em outro local.
Embora o prédio original esteja um pouco desgastado, ele ainda tem valor. Imagine que o valor de revenda do prédio seja estimado em R$ 200.000. Assim, a depreciação será calculada sobre a diferença entre o custo original (R$ 1.000.000) e o valor de revenda (R$ 200.000), ou seja, R$ 800.000.
Se a vida útil estimada do prédio for de 40 anos, a empresa depreciará R$ 20.000 por ano (R$ 800.000 ÷ 40 anos). Esse valor de R$ 20.000 será registrado como despesa de depreciação a cada ano contábil, refletindo a redução do valor do ativo ao longo do tempo.
O que é exaustão?
Apesar de ser similar com depreciação e amortização, a exaustão na contabilidade serve para reduzir o valor contábil de recursos ou reservas naturais, em contraste com as outras formas, que reduzem o valor de ativos tangíveis e intangíveis.
A exaustão é bastante utilizada por mineradoras, madereiras, empresas de gás e óleo e também outros negócios envolvidos na extração de recursos naturais.
Essas empresas podem reconhecer despesas de exaustão ao passo que esses recursos são utilizados. A exaustão pode ser calculada com base no custo ou em uma porcentagem, sendo que as empresas geralmente devem utilizar o método que oferece a maior dedução para fins fiscais.
Alguns exemplos de bens naturais que podem sofrer os efeitos da exaustão:
- Mineradoras (ferro, ouro, alumínio, outros metais e rochas)
- Florestas
- Óleo e gás (reservas)
- Carvão
- Outros recursos naturais
Exemplo de exaustão
Vamos supor que uma empresa de exploração de petróleo adquira um campo de petróleo por R$ 10.000.000. Esse campo de petróleo tem uma estimativa de conter 1.000.000 de barris de petróleo. À medida que a empresa extrai o petróleo, ela pode calcular a exaustão com base no custo de aquisição dividido pela quantidade total de petróleo recuperável.
Cálculo da exaustão por barril:
- Custo total do campo: R$ 10.000.000
- Quantidade total estimada de petróleo: 1.000.000 barris
- Custo de exaustão por barril: R$ 10.000.000 ÷ 1.000.000 = R$ 10 por barril
Se, em um determinado ano, a empresa extrair 100.000 barris de petróleo, ela reconhecerá uma despesa de exaustão de R$ 1.000.000 (100.000 barris x R$ 10 por barril) naquele ano contábil. Essa despesa reflete a redução do valor do campo de petróleo à medida que o recurso é extraído.
Comparação resumida entre amortização, depreciação e exaustão
Resolvemos fazer uma tabela compartiva para explicar melhor a diferença entre cada um dos métodos:
| Aspecto | Amortização | Depreciação | Exaustão |
|---|---|---|---|
| Definição | Distribuição do custo de um ativo intangível ao longo de sua vida útil. | Distribuição do custo de um ativo tangível ao longo de sua vida útil. | Alocação do custo de um recurso natural à medida que é extraído ou utilizado. |
| Tipo de Ativo | Ativos intangíveis (ex: software, patentes). | Ativos tangíveis (ex: máquinas, edifícios). | Recursos naturais (ex: petróleo, madeira). |
| Método Comum | Linear (mesmo valor anual). | Linear ou acelerada. | Custo por unidade ou porcentagem. |
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Conclusão
Entender os conceitos de amortização, depreciação e exaustão é importante para uma boa gestão financeira de uma empresa. Cada um desses métodos permite que as empresas distribuam os custos de seus ativos ao longo do tempo, alinhando as despesas com a geração de receita.
Enquanto a amortização se aplica a ativos intangíveis, a depreciação é usada para ativos tangíveis, e a exaustão é relevante para recursos naturais.
Cofundador Valutech, especialista em valuation e entusiasta em programação.
Certificado em Advanced Valuation (ministrado por Aswath Damodaran) pela New York University (NYU), Certificado em Valuation (Avaliação de Empresas) e Análise de Investimentos pela PUCRS, Certificado em International Business e Business Administration pela Universidade da Califórnia, Irvine (UCI) e Bacharel em Administração de Empresas (Linha de Formação em Tecnologia da Informação), PUCRS.